Por Roberto Navarro | Edição 12
Era um povo originário da
Escandinávia, que colonizou e saqueou várias regiões da Europa entre os séculos
9 e 11, influenciando bastante a cultura e a história do continente. O nome
pelo qual ficaram conhecidos teria se originado da palavra vikings, que significaria
"pirata" em antigas línguas escandinavas - embora alguns
especialistas acreditem que a expressão possa derivar de vik, ou
"baía". Sua sociedade era formada por clãs, espécie de tribos unidas
por laços familiares e chefiadas por proprietários de terras, que também
assumiam o papel de líderes militares. Sob seu comando, estavam homens e
mulheres que, pelo menos em suas terras, viviam pacificamente como simples
agricultores e pescadores. Aliás, as mulheres vikings, ao contrário do que
ocorria nas outras regiões da Europa, contavam com muita liberdade: podiam ser
proprietárias de terras, administrar o cultivo das fazendas e negociar com
mercadores. Cada clã possuía também seus escravos, capturados durante ataques
bem-sucedidos a países distantes.
Esse instinto conquistador dos
vikings, que os levava a pilhar vilas e cidades costeiras da Europa, foi
alimentado principalmente por dois fatores: o crescimento da população
escandinava e a escassez de terras cultiváveis na região. Mas, apesar de
atacarem freqüentemente outros povos, esses guerreiros não merecem totalmente a
fama de assassinos impiedosos, imagem criada por crônicas medievais escritas
justamente pelas vítimas das invasões. "Os vikings não foram mais
sanguinários que qualquer outro povo da época, mas eram pagãos e assim não se
detinham na porta das igrejas ou monastérios, como faziam os outros europeus. A
sociedade nórdica da época baseava-se na agricultura e na pesca e essas eram as
verdadeiras ocupações primárias dos guerreiros", diz o arqueólogo e
especialista no assunto Robert McGhee, do Museu Canadense da Civilização, na
cidade de Gatineau.
Mas, quando largavam os cuidados com
a terra e partiam para novas conquistas, eles contavam com um grande aliado:
seus barcos, que tinham uma tecnologia bastante avançada para a época. O
problema é que todo esse grande conhecimento de construção naval não era
seguido à altura pela capacidade de orientação em alto-mar. "As
descobertas dos vikings pelo oceano Atlântico resultaram da combinação de navios
bastante eficientes com um conhecimento muito pobre de navegação, o que
significa que, na maior parte, suas descobertas foram acidentais", afirma
McGhee. Toda essa expansão oceano afora - que os levou até o Canadá - e os
ataques freqüentes ao resto da Europa durou enquanto os países escandinavos
contavam com um excesso de jovens dispostos a buscar aventura e fortuna longe
de casa.
A partir do século 11, esse excedente
populacional diminuiu, esgotando a capacidade dos clãs de recrutarem novos
guerreiros para suas perigosas viagens. Foi o início do fim desse modelo de
sociedade nos países nórdicos. O rei Olaf II Haraldsson, que subiu ao trono da
Noruega no ano de 1015, é considerado o último chefe viking tradicional.
Pioneirismo transatlântico
Escandinavos chegaram à América cinco
séculos antes de Colombo
Ninguém sabe detalhes sobre as
expedições vikings, mas certas rotas abertas por eles costumam ser atribuídas a
grupos específicos. A expansão em torno do mar Báltico e pela Rússia foi
provavelmente obra dos suecos (rota em vermelho). Já os noruegueses seriam os
responsáveis pela colonização da Islândia, pela descoberta da Groenlândia e do
Canadá (verde-escuro) - ou seja, teriam chegado à América quase cinco séculos
antes de Colombo. A última grande rota era a dos vikings dinamarqueses, que
controlaram parte da Inglaterra, cruzaram o estreito de Gibraltar e chegaram
até a Itália (verde-claro)
LUTA SEM CHIFRES
Os vikings costumavam lutar a pé,
usando uma espada como arma principal - mas carregavam também machado, lança e,
às vezes, arco e flecha. Apesar de sua imagem ter ficado gravada no imaginário
popular com aqueles capacetes de chifres, eles provavelmente só usavam essas
peças em cerimônias religiosas
CASCO
O desenho em forma de V, desenvolvido
no século 8, tornava mais eficiente o deslocamento sobre a água do mar,
permitindo maiores travessias. O casco - formado por pranchas de carvalho - era
especialmente flexível, leve e resistente
Tecnologia avançada
Os possantes barcos vikings tinham
velas e cascos especiais
Mastro
Não existia só um modelo de barco
viking. Mas havia geralmente algumas características comuns entre eles. O
mastro, por exemplo, era feito de pinho e podia ser baixado e levantado durante
a viagem, para adaptar-se às condições do vento e às necessidades da navegação
Vela
Foi a partir do século 9 que os
barcos vikings passaram a ser impulsionados por vela, além dos tradicionais
remos. Na forma de retângulo ou trapézio, a vela era feita com a lã de um tipo
especial de ovelha, cuja oleosidade a tornava impermeável e ultra-resistente
Remos
Pelo menos 30 homens remavam o barco
de cerca de 20 metros de comprimento. Eles entravam em ação nas manobras em
águas rasas e na abordagem de navios inimigos. Um remo no lado direito da
traseira da embarcação servia de leme. Para se protegerem, os vikings
encaixavam escudos no casco e passavam os remos por um buraco no centro dele
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